Carolina Rehling Gonçalo
Direitos humanos são coisa de vagabundo?
Carolina Rehling Gonçalo
Professora da Educação Básica em Pelotas
Ao nos afastarmos do ambiente escolar ou acadêmico, não é raro ouvirmos frases equivocadas sobre os direitos humanos. De onde parte esse raciocínio é um ponto a ser pensado. Reconhecidos e redigidos após a Segunda Guerra Mundial, pela Organização das Nações Unidas (ONU), a Declaração Universal dos Direitos Humanos ampara todas as pessoas, ou deveria. São direitos universais e inalienáveis que diante de todos os horrores presenciados durante a guerra, e considerando, principalmente as ações realizadas pelo nazismo, com a ideia de superioridade racial, onde milhões de pessoas foram assassinadas, humilhadas, torturadas e tiveram sua dignidade humana desconsiderada.
Os direitos que fundamentalmente garantem a proteção a dignidade humana foram redigidos e reconhecidos pela ONU, e a partir daí iniciou-se a tentativa de assegurar a todas as pessoas esses direitos, sem distinção de gênero, de religião, de nacionalidade, idade ou qualquer outra diferença. Portanto, ainda que enquanto ideia esses direitos contemplem toda a população mundial, os mesmos são barrados nas fronteiras de cada nação, pois, a soberania de um Estado e o conjunto de suas leis pode, ou não, considerar como válidos, aquilo que sabemos serem fundamentalmente inalienáveis, como o direito à vida, infringido pelos países que possuem a pena de morte, ou ainda o direito à liberdade de opinião e expressão, direito esse bastante negligenciado em diversos países principalmente com relação às mulheres, onde até mesmo o direito à educação é negado.
Espantosa é a ideia da necessidade tão pungente da reafirmação do óbvio, e tão necessária de que todos merecem o direito de viver, de ter respeitada sua liberdade de opinião e expressão, de ter direito ao trabalho digno. Triste e vergonhosamente vivenciamos recentemente nosso Estado desrespeitar esse direito básico, com o trabalho escravo cada vez mais descoberto em vinícolas e arrozeiras. Entre os direitos humanos podemos ainda destacar o direito à liberdade e à segurança, à igualdade perante a lei, à garantia de um julgamento justo, à liberdade de religião, de amar e viver com quem aqueles que escolhemos.
E se a frase frequente ouvida em lugares que se afastam do ambiente formal de ensino associa os direitos humanos a "vagabundos" refletidos pela opinião de que são pessoas que não merecem dignidade, e merecem. Todos merecem e devem ter. Não podemos, da mesma forma, naturalizar a ideia de que ainda que gozamos de certa parcela de liberdade, igualdade e direitos básicos, cada vez mais abalados, acharmos que o desrespeito aos direitos humanos é exclusivo de países distantes de nós. Não é! Basta voltarmos nosso olhar para as entrelinhas daquilo que acontece principalmente com aqueles que vivem mais invisibilizados à nossa volta.
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